“O Senhor dos Milagres é uma das celebrações mais importantes celebradas na Diocese do Funchal. Para além de celebrar Jesus Cristo, o Salvados, através da liturgia da Exaltação da Santa Cruz, evoca ainda o trágico acontecimento ocorrido a 9 de Outubro de 1803, a aluvião que destruiu a Capela primitiva levando o seu recheio para o mar, incluindo a preciosa Cruz com o Crucificado. Destruiu grande parte de Machico e um pouco por toda a Madeira se sentiu a força das chuvas e ventos que se fizeram sentir, mas com incidência no Funchal e em Machico.
O belíssimo crucifixo foi três dias mais tarde encontrado e levado para a Sé do Funchal, onde permaneceu até o ano de 1813, data em que se concluiu a reconstrução da referida Capela.
A
Capela “do Senhor dos Milagres” terá sido a primeira a ser construída na
Madeira, pela Ordem Militar de Cristo de Tomar a quem fora dada a administração
temporal e espiritual do Arquipélago. Após a reconstrução da Capela, foram
muitas as pessoas de Machico, especialmente pescadores nos seus barcos buscar o
Crucifixo (O Senhor dos Milagres) que veio em procissão através do mar até à
praia de Machico. Quando chegaram a Machico era já noite, então o Povo de
Machico foi ao encontro da Cruz com “archotes” a arder para iluminar o caminho,
cantando a Deus louvores e chorando agradeciam a Cristo os muitos benefícios
operados. Esses archotes ficaram a marcar a “alma do Povo de Machico” como
sinal permanente e indestrutível do grande amor e devoção a Jesus Cristo o
Senhor dos Milagres, simbolizando a fé e a devoção. Ainda hoje, e passados mais
de 2 séculos, a procissão que se realiza ao anoitecer – para recriar o acontecimento
de 1803 - faz-se à luz de archotes em profundo silêncio e com a iluminação
pública desligada. Trata-se de uma procissão de carácter penitencial.
Esta
é uma festa das mais significativas celebradas na Diocese, e com a
particularidade de não haver sinais exteriores de arraial como acontece em
todas as outras festas celebradas. Na noite de 8 para 9 de Outubro, são aos
milhares os devotos que vindos de todas as partes da Diocese se dirigem para
Machico a fim de participarem na Procissão e agradecerem as graças recebidas,
cumprindo as suas promessas.
Este
ano, a festa coincide com o fim de semana (Sábado e Domingo), por isso,
esperamos que seja grande a multidão de cristãos a celebrar com devoção e amor
a Festa do Senhor dos Milagres,
celebrando a exaltação da Santa Cruz e agradecendo a Deus os muitos sinais de
misericórdia a de graças concedidas especialmente o dom da fé e o com da vida.”
Cónego
Manuel Martins, “O Archote” (mês de Setembro)